9 consequências inesperadas da clonagem humana


Em 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou uma “Declaração sobre a Clonagem Humana”, proibindo todas as formas de clonagem de seres humanos “na medida em que são incompatíveis com a dignidade humana e com a proteção da vida humana”.

A decisão proíbe até a clonagem terapêutica, na qual as células são clonadas a partir de uma pessoa para uso medicinal. Embora muitos países não tenham concordado com essa declaração, ela é respeitada em todo o mundo.
Até o momento, nenhum clone humano já nasceu. Porém, em 2008, pesquisadores criaram com sucesso os primeiros cinco embriões humanos maduros usando transferência nuclear de células somáticas, na qual o núcleo de uma célula somática é retirado de um doador e transplantado em um óvulo hospedeiro vazio.Os embriões só foram autorizados a se desenvolver até o estágio de blastocisto, ponto no qual foram estudados e então destruídos.

Em resumo, a clonagem é proibida, mas sabemos que podemos fazê-la. O problema é que não entendemos se ela é completamente segura. Por fim, se a clonagem humana hoje é ilegal, não significa que será para sempre. A opinião pública pode mudar e, quando isso acontecer, podemos esperar algumas consequências bizarras. Tipo:

1. Reprodução por clone

A clonagem humana também poderá simplesmente servir como um meio alternativo de reprodução, especialmente para casais inférteis ou do mesmo sexo que desejam ter filhos biologicamente relacionados. A histeria atual dirigida a clonagem humana lembra um pouco a reação aos chamados “bebês de proveta” no final de 1970. Críticos se preocupavam com um admirável mundo novo habitado por crianças “bizarras” cultivadas em laboratório. Hoje, esse medo praticamente não existe mais. De acordo com a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e de Embriologia, cerca de cinco milhões de crianças já nasceram em todo o mundo por fertilização in vitro desde o primeiro bebê de proveta, Louise Brown, que veio à vida em 1978 – e ninguém se preocupa com isso. É de se esperar que o mesmo processo de normalização aconteça com a clonagem humana.

2. Estudos genéticos

Gêmeos separados no nascimento são interessantes para cientistas, em particular para aqueles que estudam genética comportamental. Esses pares lhes oferecem a oportunidade de comparar os impactos da socialização e do ambiente sobre indivíduos que compartilham o mesmo genoma. Infelizmente, porém, há poucos indivíduos que se encaixam nesse perfil para estudar. A clonagem poderia mudar isso. Além do mais, os cientistas não só seriam capazes de estudar clones intergeracionais, mas também clones separados por toda uma geração ou mais. Os resultados seriam sem dúvida fascinantes – apesar de antiéticos. Nós poderíamos ver até que ponto fatores sociológicos desempenham um papel no desenvolvimento da personalidade, e de que maneira mudanças epigenéticas são acionadas pelo ambiente (incluindo o útero da mãe, um ambiente no qual a criança vive por um tempo).

3. Sistemas de segurança falhariam

O problema acima seria agravado pelo fato de que nossos sistemas de segurança, públicos e privados, não poderiam mais identificar quem fez o quê. Pense bem: se recentemente, no Reino Unido, gêmeos idênticos foram condenados juntos por abusar sexualmente de uma adolescente porque a polícia não tinha como diferenciar quem realizou o ataque através das evidências, o que aconteceria no mundo todo se houvessem infinitos clones de uma pessoa por aí? DNA, reconhecimento facial, impressão digital… Tudo isso seria absolutamente inútil e uma anarquia provavelmente tomaria conta do globo.

4. Sósias criminais

Isso provavelmente não seria um problema para a primeira geração de clones, mas se algumas linhas fossem reproduzidas suficientemente, o ato poderia levar a uma explosão de identidades equivocadas. As pessoas ficariam convencidas de que viram alguém que conhecem ou reconhecem, quando na verdade era somente um clone. Isso só se aplica, claro, para clones intergeracionais com aproximadamente a mesma idade. De forma semelhante, poderia criar um novo tipo de roubo de identidade em que clones fingem ser outra pessoa.

5. Melhoramento através de clones

A clonagem indefinida também pode levar à prática de modificações seletivas ao longo do tempo. Usando a terapia genética hereditária, cada geração de clones pode ser alterada de maneiras específicas. Por exemplo, sua linha clonal poderia caracterizar lentas melhorias em inteligência e memória, ou até alterações físicas, como a cor do cabelo ou morfologia. Cromossomos artificiais poderiam ser introduzidos conforme fossem desenvolvidos pelos cientistas. Depois de séculos de reprodução assexuada, seus clones dificilmente se assemelhariam à versão original, ou seja, você.

6. Imortalidade

Clones podem ser clonados indefinidamente. No ano passado, pesquisadores no Japão usaram uma nova técnica para produzir 26 gerações bem-sucedidas de camundongos clonados a partir de um único indivíduo. No total, eles produziram 598 ratos – todas duplicatas genéticas. A descoberta mostra que as linhas de clonagem em mamíferos – incluindo humanos – podem ser estendidas e reproduzidas sem limites. Isto implica que uma espécie de imortalidade genética pode ser alcançada; uma réplica exata de um indivíduo pode ser reproduzida por gerações a fio.

7. Ressuscitar mortos

Já viu aonde quero chegar, certo? É muito fácil clonar alguém que acaba de morrer para sentir que está pessoa está de volta, embora seja muito claro que não é, de fato, a mesma pessoa que está ali. Se o mundo evoluir para aceitar a clonagem, as pessoas podem consentir o fato dr serem clonadas após a morte de antemão, mas problemas ainda vão existir se pais decidirem que querem clonar um filho morto, por exemplo, dado que a criança não tem como consentir algo desse tipo de antemão.

8. Clonagem ilegal

Outro imenso problema é a clonagem humana ilegal. Apesar de extremamente antiética, não há nada que a impeça. Se hoje existem traficantes de drogas comercializando substâncias proibidas, não é difícil imaginar que a técnica de clonagem também possa ser usada de maneira ilegal para criar clones por motivos financeiros, religiosos ou simplesmente bizarros (como ter uma cópia de sua celebridade favorita). Se um dia a tecnologia for amplamente disponível, você corre o risco de alguém gostar de sua aparência e lhe roubar um fio de cabelo para fazer um sósia seu. As empresas provavelmente exigirão consentimento escrito antes de realizar uma clonagem, mas o mercado negro já existe e certamente vai se adaptar para ganhar dinheiro com esse tipo de coisa.

9. Quem clona quem?

Se você fizer um clone de si mesmo, ele também deve ter o mesmo direito de se clonar. Ou seja, uma vez que você criar uma cópia de si, perde totalmente o controle de quantas cópias suas vão existir por aí.
A questão de “propriedade”, então, se torna um problema. Da mesma forma, uma empresa pode reclamar propriedade de sua cópia, especialmente se eles inventaram a técnica usada para te clonar (certifique-se de ler as letras miúdas do contrato!). Este é um dos temas fundamentais discutidos no programa de televisão canadense “Orphan Black”, em que uma empresa de biotecnologia, o Instituto Dyad, reivindica a posse intelectual de uma linha clonal. Dado o estado aberto e ambíguo da lei de patentes hoje, é concebível que alguns genomas humanos, ou partes dele, estejam fora da nossa propriedade – e, consequentemente, do nosso controle.

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