As drogas psicodélicas alteram a consciência de uma forma profunda e inovadora que aumenta a amplitude e a fluência dos processos cognitivos. No entanto, até recentemente, os cientistas e pesquisadores não foram capazes de oferecer uma explicação para a forma como o cérebro é alterado a partir desses efeitos. Um novo estudo chegou para mudar essa história.
Os pesquisadores escanearam os cérebros de voluntários que haviam recebido uma dose de psilocibina – substância química encontrada em cogumelos alucinógenos que proporciona uma experiência psicodélica – e os cérebros de um outro grupo de controle que não havia recebido nenhum estimulante. Assim, foi possível a descoberta de duas coisas fundamentais: primeiro, que a psilocibina aumentou a amplitude (ou “volume”) da atividade em regiões do cérebro que são ativadas durante o sono e fazem parte do antigo sistema de emoção do cérebro; e segundo, que psicodélicos facilitam um estado de “expansão” da consciência – o que significa que as associações feitas pelo cérebro e a facilidade com que elas são acessadas é reforçada com as drogas.
A relação entre ego, emoção e cogumelos alucinógenos
Esta constatação de um padrão similar à atividade cerebral registrada durante um sonho é intrigante. Enquanto o estado psicodélico tem sido previamente comparado com sonhos, o efeito oposto foi observado na rede cerebral da qual nós temos o nosso senso de “eu” (chamada a rede de modo padrão ou sistema de ego). Simplificando, enquanto a atividade se tornou “mais forte” no sistema de emoção, tornou-se mais desarticulada e assim “mais silenciosa” no sistema de ego.
As evidência encontradas por esse estudo, e também os dados preliminares de um estudo de imagem do cérebro estimulado por meio do LSD, parecem apoiar o princípio de que o estado psicodélico está relacionado a atividades desorganizados no ego, permitindo atividade desinibida no sistema da emoção. Esse efeito pode explicar porque os psicodélicos têm sido considerados facilitadores úteis de certas formas de psicoterapia.
Essa é uma análise totalmente nova e sua validade precisa passar por mais testes antes de ser confirmada. Mas pode oferecer uma visão inicial sobre a base biológica da expansão da consciência, frequentemente descrita como uma das características de uma experiência psicodélica.
A construção de uma imagem
A pesquisa sobre os efeitos cerebrais de drogas psicodélicas começou na Universidade de Bristol em 2009 e continua até hoje, na Imperial College London e na Universidade de Cardiff, todas no Reino Unido. Os pesquisadores estavam interessados na ideia de que os psicodélicos facilitariam a comunicação em todo o cérebro.
O primeiro estudo, publicado em 2012, revelou uma diminuição na atividade cerebral após a injeção de psilocibina. Esse achado foi emocionante porque complementou a ideia de que os psicodélicos causam uma “dissolução do ego” temporária. Em outras palavras, diminuem a sensação de ter uma e personalidade forte e duradoura.
Conclusão
Compreender os mecanismos cerebrais que sustentam a fluência cognitiva sob o efeito psicodélicos pode oferecer insights sobre como esses entorpecentes podem ser psicologicamente úteis, por exemplo, para ajudar os pacientes experimentam uma liberação emocional em psicoterapia, e também aumentando potencialmente o pensamento criativo.
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